domingo, 28 de março de 2010

Em defesa da Vila Ana e da Vila Ventura!



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Benfica pede obras para salvar vilas antigas

Dois edifícios apalaçados parecem estar abandonados à espera de demolição, mas ainda têm três inquilinos

A população de Benfica, em Lisboa, está unida numa petição que luta pela preservação de duas vilas centenárias existentes no número 674 da Estrada de Benfica e que, apesar de ainda serem habitadas por inquilinos, apresentam um avançado estado de degradação. Técnicos da Câmara de Lisboa até já fizeram uma vistoria aos dois imóveis e aconselharam os seus proprietários a realizarem obras de reabilitação. Mas nada foi feito.

Receando que estes edifícios acabem por ser demolidos, moradores decidiram criar o Movimento de Cidadãos pela Preservação da Vila Ana e da Vila Ventura. Os dois imóveis "são representativos das chamadas Casas do Brasileiro e são um dos últimos testemunhos históricos e arquitectónicos das casas apalaçadas e quintas através das quais a freguesia de Benfica era conhecida no século XIX", revelou Alexandra Carvalho, daquele movimento.

Lembrou que ali "viveram pessoas ilustres, como António Spínola, o escritor Luiz Pacheco e um dos priores de Benfica, o padre Francisco Xavier da Silva".

Segundo explicou ao DN, "a Vila Ana tem projecto de 1890 e a Vila Ventura é de 1910. Estão salvaguardadas por estarem incluídas no Inventário Municipal do Património (IMP), só podendo ser demolidas se correrem o risco de ruir. Ainda não estão, mas se continuarem sem receber obras, poderão chegar a essa situação".

"O problema foi apresentado à Câmara de Lisboa, que, em Março de 2009, vistoriou as vilas e informou a empresa proprietária - Ormandy Portuguesa - que iria intimá-la para fazer obras", contou.

Adiantou que, "depois, a empresa entregou, na Divisão de Projecto do Departamento de Conservação de Edifícios Particulares da câmara, relatórios, referindo que "nada justifica a inserção daquele conjunto no Inventário Municipal de Património, pelo que se justifica plenamente a sua demolição".

O movimento de cidadãos "pretende que as duas vilas se mantenham no IMP e recebam obras de recuperação. É um património histórico e cultural de Benfica, que não se pode perder. Os únicos vestígios antigos que ainda restam são as casas pequeninas da Rua Ernesto da Silva, que estão a ser recuperadas", frisou Alexandra Carvalho. Adiantou que "os moradores e comerciantes de Benfica querem que as vilas se mantenham e muitos têm assinado a petição".

Junto de fonte da Câmara de Lisboa, o DN soube que o processo encontra-se na Estrutura Consultiva do PDM, que vai deci- dir manter ou não as vilas no IMP.

O DN contactou a empresa Ormandy Portuguesa para algum responsável se pronunciar sobre a questão, mas quem atendeu o telefonema referiu não ser possível, "porque estão ausentes no estrangeiro e só voltam para a semana".

Nas duas vilas, que muita gente pensa estarem abandonadas devido ao aspecto degradado, ainda vivem três inquilinos.

(in Diário de Notícias).

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